Músico explora mitos da cultura nordestina em seu primeiro filme
Hugo Viana
Sábado de Carnaval, 1982, no meio do Pátio de São Pedro, Alceu Valença, armado com uma câmera e uma boina, dispara um sonoro “Eu sou Godard!”, em referência ao cineasta francês. Segundo Alceu, o olhar irônico por trás desse micro manifesto conceitual pretendia apontar para a perda de uma identidade cultural particular diante de uma cultura supostamente “superior”, do ponto de vista intelectual. Essa busca por uma raiz através da arte, que de certa forma pontuou a produção a artística de Alceu, agora encontra um novo escape na carreira do artista: o cinema. No dia 9 de novembro, Alceu começa as filmagens do seu novo projeto, o filme “A luneta do tempo”.
É curioso perceber que a estreia oficial de Alceu no cinema (“Já fiz vários pequenos registros em vídeos em carnavais, sempre fantasiado de urso ou macaco, para as pessoas não me reconhecerem”) possui ligação com a visão anárquica de Godard, que Alceu usou como fonte de ironia nos anos 1980. Além de dirigir, fazer o roteiro e elaborar a trilha sonora, Alceu também atua. Ele é um diretor trabalhando num filme dentro do filme, numa postura metalinguística que certamente encontra ecos na cinefilia de Godard. A ideia de revisar os mitos do imaginário cultural do Nordeste a partir da figura do diretor seria a síntese de um homem em busca de suas raízes. “Todo grande artista é ligado a sua cultura. Drummond está ligado a Minas Gerais, Fernando Pessoa a Lisboa. Por acaso Fellini não falava da vida dele naquele filme, ‘Roma’ (1972)? É isso que pretendo fazer no “A luneta do tempo”: reforçar meu laço com Olinda, com Recife, cidades que estão no meu coração”, explica Alceu.
Para se preparar para o percurso numa expressão artística diferente, Alceu começou a estudar. De 2001, quando decidiu partir para a produção de um filme, até hoje, o músico fez pequenos cursos e procurou livros sobre cinema. “Quando mostrei uma parte da história para Walter Carvalho, diretor de fotografia, ele disse ‘isso aqui é cinema’. A partir daí, comecei a estudar a sério. Comprei um livro chamado ‘Da criação ao roteiro’, de Doc Comparato, um roteirista brasileiro. Depois passei a estudar direção de filmes. Só agora consegui viabilizar o projeto. Chamei amigos para atuar junto a atores profissionais, como Irandhir Santos e Hermila Guedes”, diz Alceu.
“Para se comunicar através do cinema, é necessário entender a linguagem cinematográfica. Se eu quiser pedir ao diretor de fotografia por um tipo específico de plano, preciso saber explicar o motivo dessa escolha. Se quero um close no ator, tenho que defender essa decisão”, explica. Esse processo de aprendizado de certa forma desmistifica a criação artística do cinema: “Quando comecei a estudar, passei a ter uma visão de cinema diferente da que eu tinha antes. Eu via cinema como um espectador comum. Depois de estudar, acho que ficou até um pouco chato ver filmes... comecei a analisar os planos, de olho no que está por trás daquilo tudo que a gente está vendo na tela”, brinca.
É curioso perceber que a estreia oficial de Alceu no cinema (“Já fiz vários pequenos registros em vídeos em carnavais, sempre fantasiado de urso ou macaco, para as pessoas não me reconhecerem”) possui ligação com a visão anárquica de Godard, que Alceu usou como fonte de ironia nos anos 1980. Além de dirigir, fazer o roteiro e elaborar a trilha sonora, Alceu também atua. Ele é um diretor trabalhando num filme dentro do filme, numa postura metalinguística que certamente encontra ecos na cinefilia de Godard. A ideia de revisar os mitos do imaginário cultural do Nordeste a partir da figura do diretor seria a síntese de um homem em busca de suas raízes. “Todo grande artista é ligado a sua cultura. Drummond está ligado a Minas Gerais, Fernando Pessoa a Lisboa. Por acaso Fellini não falava da vida dele naquele filme, ‘Roma’ (1972)? É isso que pretendo fazer no “A luneta do tempo”: reforçar meu laço com Olinda, com Recife, cidades que estão no meu coração”, explica Alceu.
Para se preparar para o percurso numa expressão artística diferente, Alceu começou a estudar. De 2001, quando decidiu partir para a produção de um filme, até hoje, o músico fez pequenos cursos e procurou livros sobre cinema. “Quando mostrei uma parte da história para Walter Carvalho, diretor de fotografia, ele disse ‘isso aqui é cinema’. A partir daí, comecei a estudar a sério. Comprei um livro chamado ‘Da criação ao roteiro’, de Doc Comparato, um roteirista brasileiro. Depois passei a estudar direção de filmes. Só agora consegui viabilizar o projeto. Chamei amigos para atuar junto a atores profissionais, como Irandhir Santos e Hermila Guedes”, diz Alceu.
“Para se comunicar através do cinema, é necessário entender a linguagem cinematográfica. Se eu quiser pedir ao diretor de fotografia por um tipo específico de plano, preciso saber explicar o motivo dessa escolha. Se quero um close no ator, tenho que defender essa decisão”, explica. Esse processo de aprendizado de certa forma desmistifica a criação artística do cinema: “Quando comecei a estudar, passei a ter uma visão de cinema diferente da que eu tinha antes. Eu via cinema como um espectador comum. Depois de estudar, acho que ficou até um pouco chato ver filmes... comecei a analisar os planos, de olho no que está por trás daquilo tudo que a gente está vendo na tela”, brinca.
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