Curtas com boa dose de comédia e alguns com tanta realidade que deixaram a plateia atônita marcaram esta quarta-feira (28), terceiro dia de Cine PE, no Centro de Convenções, em Olinda. A Noite por Testemunha, de Bruno Torres, sobre o grupo de jovens que assassinou um índio pataxó em 1997, foi o mais aplaudido.
O curta paullista usou de uma narrativa não linear, utilizando flashbacks, o que deu mais impacto ao enredo, que trata de um ato violento cometido por cinco jovens ainda hoje presente na memória da opinião pública.
O curta humaniza os protagonistas desse ato tão cruel, e isso torna o trabalho polêmico. Ao fazer isso, ao mostrar a rotina, as conversas banais daqueles adolescentes, o curta coloca no espectador a responsabilidade de lidar com aquela exposição, de fazer seu próprio juízo.
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Mesmo com o cuidado estético em entrecortar as cenas e usar de efeitos e trilha sonora, o filme tem uma crueza documental que choca quem assiste. Como foi o último curta em 35mm a ser exibido, muitas pessoas do lado de fora ainda comentavam a exibição.
Teve gente que sentiu falta em saber o que aconteceu àqueles jovens, que, como mostra o filme, foram presos. Como obra artística que é, A Noite por Testemunha cumpre seu papel em provocar à plateia a uma reflexão e, mais importante, não esquecer daquele crime bárbaro.
RISOS - O curta digital que abriu a noite, Sweet Karolyne, da Paraíba, arrancou muitas risadas da plateia. Filmado com poucos recursos, mas muita imaginação, conta a história de um cover de Elvis Presley e sua filha que dá nome ao filme, bastante espirituosa e falante. Não demorou a conseguir empatia com a multidão do Cine PE.
Em 35mm, Revertere ad Locum Tuum brincou com o tema da morte ao falar de uma senhora que decide pedir aos filhos para ser cremada. Como se isso já não causasse incômodo suficiente, ainda deseja que o marido seja exumado para, com ela, ter as cinzas lançadas ao vento.
A interpretação dos atores ajudou a soar convincente as piadas envolvendo um assunto ainda tabu na sociedade, que é a morte. Ironia ou não, o patrocínio de um cemitério e crematório para o longa só aumenta o humor negro.
Destoa desse momento comédia, o curta Sobe, Sofia, de André Mielnik. Trata de uma jovem, aparentemente saída da adolescência, em volta com o tédio típico dessa geração. O filme tem seu próprio tempo e grande parte da plateia talvez não tenha acompanhado as sutilizas de sua narrativa. Em outras palavras, pareceu um tédio sem tamanho.
No final, diálogos com o personagem do ator George Sauma (conhecido do público pelo Tatá de Toma Lá, Dá Cá, da Globo) mostram que o curta teria mais êxito se optasse por isso desde o início.
Do JC Online
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