Qual é a hora de sair debaixo das asas dos pais e assumir de vez o seu cantinho?
Por Lygia HaydéeFonte: Revista Ouse/ed.2
Foto: Símbolo Imagens
A vida inteira você teve que dar satisfação aos pais, obedecer horários, seguir regras. Há situações ainda piores, quando o único lugar que realmente deveria lhe pertencer na casa, o seu quarto, tem mais um dono: o seu irmão mais novo. E de repente você se pega sonhando acordada em um mundo onde só há você, o seu gato (tá bom, pode ser um cachorro)
e aquela zoninha básica de quinquilharias.
e aquela zoninha básica de quinquilharias.
Sim, morar sozinha pode parecer um sonho. E realmente a experiência é maravilhosa. Ajuda a fazer com que nos entendamos melhor e, por incrível que pareça, a dar valor a algumas situações banais do dia a dia, mas que na hora em que nos encontramos só acabam por fazer uma grande diferença.
Que atire a primeira pedra quem nunca ouviu
a clássica: “quando você tiver a sua própria casa pode fazer do seu jeito!”. Pois morar sozinha é muito mais do que isso. Não se restringe apenas a escolher a decoração do seu cafofo, a decidir onde guardar o pote de açúcar e fazer o que lhe der na veneta. Essa experiência traz também marcas que
ficam por toda a vida. “A busca do autoconhecimento mostra o caminho a seguir e para isso é preciso se autorizar a ser feliz com ou sem alguém, pois não devemos colocar a nossa felicidade no outro”, explica a psicóloga comportamental e cognitiva, Elaine Marília Balbino.
Dona do seu nariz
Tudo bem que um colinho de mãe faz bastante falta. Ainda que diversas vezes aquelas insistentes brigas nos deem vontade de jogar tudo para o alto e de traçar um novo caminho, morar com os pais também implica no fato de ter muitos mimos e poucas obrigações (ok, nem tão poucas assim).
Acordar e ter um lindo café da manhã na mesa, poder gastar todo o seu dinheiro apenas com coisas suas e não precisar se preocupar tanto com a arrumação da casa são algumas dessas vantagens. Mas, em contrapartida, a autonomia adquirida ao morar só é insubstituível.
Isso porque os benefícios desta experiência estão divididos em estruturais e psicológicos, como explica a psicóloga comportamental Lilian Boarati. “Do
ponto de vista estrutural, a garota exerce a autonomia de si. Isso significa que ela cria e administra a dinâmica de sua vida, realizando mais escolhas. Do ponto de vista psicológico, ela desenvolve autoconfiança, autoestima, maturidade e independência. Modifica os valores e princípios em relação
à vida, às pessoas e ao mundo.”
Esta nova visão é um dos primeiros pontos percebidos por quem passou a cuidar de seu próprio nariz. E o caso foi notado assim que a secretária
executiva bilíngue Simone Lima, 27 anos, começou a morar sozinha. “Posso dizer que hoje dou mais valor a coisas que já dava anteriormente, mas que antes não notava a diferença”, reflete. A presença constante de seus familiares, por exemplo, faz muita falta para ela.
Nem tudo tão bom, nem tudo tão mal
A gente nem precisa dizer que morando sozinha você pode dar uma festa por semana, mas não é tão simples se acostumar com a nova vida. Chegar em casa e não ter ninguém para conversar não é bacana, não é legal, não é gostoso. “É bom ficar sozinha, mas chega um ponto em que a solidão nos frustra”, revela Elaine.
Esse foi o caso da estudante de Ciências Sociais Thais Bessa, 22 anos. Antes de optar por fazer faculdade em São Paulo, sua cidade natal, ela decidiu mudar radicalmente sua vida, arrumou as malas e foi para Rio Claro, interior paulista, onde passou a morar em uma república. A aventura, no entanto, não deu lá muito certo. “Voltava quase todo fim de semana para São Paulo. Fiquei, no máximo, 20 dias sem ver a minha família e os meus amigos”, relembra. Passados três anos, a estudante vê a situação com outros olhos e acha, inclusive, que se tivesse essa mesma visão de hoje conseguiria encarar a mudança com naturalidade.“Penso muito em sair de casa, porém, quero sair com cautela, quando já estiver melhor financeiramente”.
a clássica: “quando você tiver a sua própria casa pode fazer do seu jeito!”. Pois morar sozinha é muito mais do que isso. Não se restringe apenas a escolher a decoração do seu cafofo, a decidir onde guardar o pote de açúcar e fazer o que lhe der na veneta. Essa experiência traz também marcas que
ficam por toda a vida. “A busca do autoconhecimento mostra o caminho a seguir e para isso é preciso se autorizar a ser feliz com ou sem alguém, pois não devemos colocar a nossa felicidade no outro”, explica a psicóloga comportamental e cognitiva, Elaine Marília Balbino.
Dona do seu nariz
Tudo bem que um colinho de mãe faz bastante falta. Ainda que diversas vezes aquelas insistentes brigas nos deem vontade de jogar tudo para o alto e de traçar um novo caminho, morar com os pais também implica no fato de ter muitos mimos e poucas obrigações (ok, nem tão poucas assim).
Acordar e ter um lindo café da manhã na mesa, poder gastar todo o seu dinheiro apenas com coisas suas e não precisar se preocupar tanto com a arrumação da casa são algumas dessas vantagens. Mas, em contrapartida, a autonomia adquirida ao morar só é insubstituível.
Isso porque os benefícios desta experiência estão divididos em estruturais e psicológicos, como explica a psicóloga comportamental Lilian Boarati. “Do
ponto de vista estrutural, a garota exerce a autonomia de si. Isso significa que ela cria e administra a dinâmica de sua vida, realizando mais escolhas. Do ponto de vista psicológico, ela desenvolve autoconfiança, autoestima, maturidade e independência. Modifica os valores e princípios em relação
à vida, às pessoas e ao mundo.”
Esta nova visão é um dos primeiros pontos percebidos por quem passou a cuidar de seu próprio nariz. E o caso foi notado assim que a secretária
executiva bilíngue Simone Lima, 27 anos, começou a morar sozinha. “Posso dizer que hoje dou mais valor a coisas que já dava anteriormente, mas que antes não notava a diferença”, reflete. A presença constante de seus familiares, por exemplo, faz muita falta para ela.
Nem tudo tão bom, nem tudo tão mal
A gente nem precisa dizer que morando sozinha você pode dar uma festa por semana, mas não é tão simples se acostumar com a nova vida. Chegar em casa e não ter ninguém para conversar não é bacana, não é legal, não é gostoso. “É bom ficar sozinha, mas chega um ponto em que a solidão nos frustra”, revela Elaine.
Esse foi o caso da estudante de Ciências Sociais Thais Bessa, 22 anos. Antes de optar por fazer faculdade em São Paulo, sua cidade natal, ela decidiu mudar radicalmente sua vida, arrumou as malas e foi para Rio Claro, interior paulista, onde passou a morar em uma república. A aventura, no entanto, não deu lá muito certo. “Voltava quase todo fim de semana para São Paulo. Fiquei, no máximo, 20 dias sem ver a minha família e os meus amigos”, relembra. Passados três anos, a estudante vê a situação com outros olhos e acha, inclusive, que se tivesse essa mesma visão de hoje conseguiria encarar a mudança com naturalidade.“Penso muito em sair de casa, porém, quero sair com cautela, quando já estiver melhor financeiramente”.
E se quiser voltar?
E a pergunta que não quer calar é: o que faz essas meninas mudar de ideia tão repentinamente? Uma pessoa que se sentia só por estar longe de casa conseguiria voltar àquela experiência tranquilamente? Sim! E a resposta é baseada em fatos simples. O autoconhecimento adquirido, mesmo que sob
pressão, acaba por influenciar as pessoas. “Quando moramos sozinhas, observamos mais as nossas necessidades, comportamentos, dificuldades pessoais e buscamos soluções para os problemas”, avalia Lílian. E é exatamente esse novo comportamento que gera atitudes antes consideradas inimagináveis, como aconteceu com Thais ao pensar novamente na possibilidade de morar sozinha.
E a pergunta que não quer calar é: o que faz essas meninas mudar de ideia tão repentinamente? Uma pessoa que se sentia só por estar longe de casa conseguiria voltar àquela experiência tranquilamente? Sim! E a resposta é baseada em fatos simples. O autoconhecimento adquirido, mesmo que sob
pressão, acaba por influenciar as pessoas. “Quando moramos sozinhas, observamos mais as nossas necessidades, comportamentos, dificuldades pessoais e buscamos soluções para os problemas”, avalia Lílian. E é exatamente esse novo comportamento que gera atitudes antes consideradas inimagináveis, como aconteceu com Thais ao pensar novamente na possibilidade de morar sozinha.
quando morava com meus pais. Agora aprendi a dividir as atividades por ordem de prioridade”, comenta. Até a mãe da estudante de Jornalismo percebeu a diferença. “Ela fala que em São Paulo sou outra Anna Carolina”.
Satisfação? Só para você e para o porteiro A mudança é resultado natural da experiência de ter que autogerenciar a sua vida. “É importante criarmos novas habilidades comportamentais com o intuito de criar e manter uma vida adequada com essa nova realidade. Morando sozinha, a garota aprende a criar uma rotina de vida ímpar que atende a suas necessidades”, revela Lílian.
eles saibam e vejam que cresci e amadureci, têm aquele cuidado normal de pais.”
De olho nas sensações
A vida emocional também é afetada quando moramos só e podemos ficar um pouco frias. “A pessoa que mora sozinha precisa ser a primeira companhia dela própria ao dar colo, acolhimento e carinho nos momentos de dificuldade”, analisa Lílian. Simone é a prova de que isso pode ser ruim. “Quando chego em casa, grito oi e ninguém responde é terrível”, diz.
Bom ou não, o fato é que morar sozinha é como morar com outro alguém: tem suas vantagens e desvantagens
A vida emocional também é afetada quando moramos só e podemos ficar um pouco frias. “A pessoa que mora sozinha precisa ser a primeira companhia dela própria ao dar colo, acolhimento e carinho nos momentos de dificuldade”, analisa Lílian. Simone é a prova de que isso pode ser ruim. “Quando chego em casa, grito oi e ninguém responde é terrível”, diz.
Bom ou não, o fato é que morar sozinha é como morar com outro alguém: tem suas vantagens e desvantagens
Perrengues
- Não ter ninguém para pegar a toalha que você esqueceu quando entrou no banho
Site: http://itodas.uol.com.br/Portal//final/materia.aspx?canal=370&cod=8181
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