Produtoras internacionais lucram com a acomodação de nossas TVs
Flávio Ricco
Colaborou José Carlos Nery
Se existe algo em comum entre Band, Globo, Record, SBT e, agora também, a RedeTV!, é a adesão desenfreada à compra de formatos internacionais. Uma febre. Se no início essas produtoras atuavam de forma tímida, passados pouco menos de 10 anos, o panorama é completamente outro. Elas se tornaram agressivas, a ponto, inclusive, de se estabelecerem no país e desenvolverem parcerias com as próprias emissoras. Programas como o BBB são resultado da parceria entre as emissoras brasileiras e produtoras internacionais .
O lobby em cima disso é uma coisa maluca, tanto no nosso campo de jogo, como nas feiras espalhadas pelo mundo. Via de mão dupla. Se as produtoras já não conseguem viver sem o apoio de nossas TVs, a recíproca também é verdadeira. Quando produzidos com seriedade e profissionalismo, esses formatos se tornam também fenômenos comerciais e de audiência. Está aí o “Big Brother” na Globo, além de outros tantos espalhados em tantas outras redes, formando o lado bom da história. Mas tem o outro lado, não tão legal assim, que é a falta de produtos que se identifiquem com a nossa realidade. As cabeças pensantes da nossa TV já de muito tempo não criam mais nada. A ordem de agora é comprar pronto. Resta saber qual será o reflexo disso no futuro. Por enquanto, está tudo muito bom, tudo muito bem.
Comentários do site
É lastimável constatar mas nosso país continua sendo um imenso poço de riquezas a serem extraídas pelos agentes econômicos internacionais. Desde Cabral no século XVI a coisa não para. Mudamos as formas de governo e de estado mas a sangria continua. Da Colônia ao Império, da República Velha ao século XXI pouca coisa mudou nessa engenharia.
Antes nos levavam ouro, pedras preciosas, pau brasil. Depois nos impuseram exportações de produtos baratos, como o café e o açucar e importações de bens sofisticados. A industrialização do Brasil foi uma cunha enfiada nos interesses norte-americanos e europeus. Depois recuperaram espaços e nos encheram de multinacionais. Nos anos de 1970 nos empurraram de goela abaixo a idéia de que país que não se endividava não crescia. Para eles o capital estrangeiro era VITAL para nosso desenvolvimento.
Caímos no conto da fartura em dólares. Anos depois as taxas de juros desses empréstimos foram alteradas por obra e graça das decisões do governo americano. Caímos no poço da brutal dívida externa. Depois na hiperinflação, depois nas privatizações da era FHC. Diziam que deveríamos vender ativos ( empresas estatais ) para diminuirmos as despesas públicas e atraírmos capitais externos. Novamente vingava a tese da necessidade de capitail externo para nosso desenvolvimento. Em seguida, combinaram juros altos para combater a inflação e para atrairmos mais dólares, que vinham em busca de títulos públicos. Falavam da atração de investimentos externos e gastavam mais de um trilhão em sete anos só com juros da dívida pública. Depondo na CPI da Dívida pública no final do ano de 2009 Bresser Prereira e Carlos Lessa desmontaram essa tese maluca de que precisamos a todo custo de capital externo para nos desenvolvermos.
Na área do áudiovisual consumimos mais de 90% de produtos importados. Os últimos filões da drenagem de nossas receitas são esses pacotes tipo Big Brother e outros programas comprados lá fora e licenciados para serem clonados aqui. Uma máquina de fazer dinheiro para quem vende e para quem exibe, com o ganho associado das operadoras de telefonia e de tv por asssinatura que vendem acesso “livre ” às bobagens que acontecem nas casas onde rolam os programas.
Nossas emissoras ( aliás, nossas são, das famílias que comandam as empresas que têm as concessões de exibição ) estão se especializando em fazer dinheiro no horário nobre. Em nome da “qualidade” do produto oferecido e da diversão do telespectador repetem um padrão básico caracterizado por novelas, telejornais, especiais( Sem Limite, Big Brother, esportes, etc ). As novelas viraram produto de exportação embora poucos países do mundo tenham esse modelo de concessões que predomina no Brasil, totalmente fechado à participação dos cidadãos e da produção independente e regional.
Está certo o Flávio Ricco, autor do texto do começo dessa postagem
As cabeças pensantes das nossas emissoras faz tempo andam com preguiça de pensar. É melhor comprar pronto, empacotar bonitinho e vender. Tá dando lucro ? Então tá dando certo.
Para quem ?
Fonte : UOL
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